Decidimos nossas férias meio de brincadeira, meio de verdade.

-O que vamos fazer nas férias?
-Vamos de moto pra Bahia? =P
-Ok.

Levamos a sério e, em pouco mais de um mês, definimos o roteiro, preparamos a bagagem, preparamos as famílias psicologicamente e partimos. Vamos contar um pouco de como foi, começando com os preparativos!

Mirante da Serra Grande, na Bahia

Roteiro de viagem: Belo Horizonte à Bahia

Esse foi o roteiro que seguimos, que no total deu 3.500km

PRÉ-VIAGEM: planejamento X realidade

Foi nossa primeira viagem longa de moto e foi assim que nos organizamos:

Definimos um orçamento pra viagem

Planejamento:
Definimos quanto cada um iria gastar e quanto poderíamos gastar por dia. Já sabíamos mais ou menos quanto de gasolina e hospedagem ia dar, os gastos mais pesados.

Realidade:
Gastamos um pouco a mais que o previsto só, mas não tivemos “miséria” em praticamente nada durante a viagem (como gastos com passeios). Fomos para praias no meio do mato, ficamos em cidades sem banco, e por isso a dica é nunca ficar sem dinheiro vivo pra não passar aperto.

Criamos uma planilha

Planejamento:
Ajuda demais para controlar a rota e os lugares que queríamos conhecer. Nela colocamos todos os dias da viagem, onde iríamos dormir, endereços de pousadas, atrações turísticas, mapas… praticamente um cronograma dos 20 dias.

Realidade:
Além das dicas que levamos,  fomos em alguns lugares indicados por outros turistas e nativos e pegamos mais dicas sobre estradas boas/ruins, horários de passeios, lugares mais legais…

Baixe nosso modelo de planilha e veja mais dicas aqui!

Definimos a rota da viagem

Planejamento:
Pegamos um mapa e procuramos informações sobre TODAS as cidades da costa da Bahia até Itacaré, destino final, olhando o que tinha pra fazer, pousadas, como era a estrada pra chegar, as distâncias… só depois escolhemos os lugares onde realmente iríamos passar e dormir, o que acabaram sendo 2 cidades na ida e 3 da volta. Queríamos andar no máximo 400km por dia e aproveitar para curtir algumas praias pelo caminho.

Realidade:
No primeiro dia, andamos 700 km. MUITO mais do que nós dois estávamos acostumados, e o resultado foi um cansaço infinito bem antes de chegar no destino. Em todos os outros dias, andamos no máximo 400 km por dia e foi a quantidade exata que aguentávamos.

Deixamos de ir em alguns lugares porque estávamos sozinhos e não conhecíamos as estradas (ou ficamos sabendo que estavam muito ruins). Como boa neurótica que sou, também pensei em assaltos, passar mal no meio do nada, moto estragar e não ter sinal de celular nem de pessoas, canibais, sequestros, picadas de bichos exóticos e coisas piores e não quis ir.

Mapa de Minas à Bahia

Nos prevenimos com mapas

Planejamento:
Sabíamos que nem sempre iria ter 3G ou o GPS ia encontrar o caminho no meio do nada. Levamos mapa impresso e também anotamos as principais cidades por onde passaríamos, assim a gente poderia seguir pelas placas pra saber se estávamos no rumo certo.

Realidade:
Usamos muito pouco o GPS, só quando surgia dúvida em algum trevo ou pra passar dentro de alguma cidade maior. Na maioria das vezes, pedir informações pras pessoas foi mais fácil e rápido, principalmente dentro de cidades.

A busca de pousadas

Planejamento:
Decidimos não reservar nenhuma pousada, pois a média das diárias que vimos estava muito maior que nosso orçamento.

Realidade
A pior parte de não reservar antes foi chegar super cansado em um lugar e ficar andando toda a cidade procurando o melhor preço. O que a gente faria da próxima vez é reservar pelo menos aquelas das cidades onde já sabemos que vamos chegar tarde/cansados.

Em algumas, reservando na hora, conseguimos desconto e preço bem em conta. Praticamente só dormíamos nelas, então não nos importamos muito com o lugar ser “chique”. Nossa ordem de perguntas era “Tem ar condicionado?! Chuveiro quente?! Quanto é a diária?” =P

Nossa média gasta por diária foi de R$ 90, a mais barata sendo R$ 80 e a mais cara R$ 100.

Planejamos a bagagem

Planejamento:
Adriano comprou os baús laterais da moto pra essa viagem. Acabou que cada um usou um baú lateral e dividimos o grande entre nossas roupas, ferramentas e comida.

Realidade:
Não passamos aperto hora nenhuma com falta de espaço para levar as coisas e voltamos pra casa com roupas que nem foram usadas! Um choque pra mim :O

As roupas que levamos

Planejamento:
Levamos só jaqueta porque não tínhamos espaço pra outras coisas como roupa de chuva.

Realidade:
Não pegamos frio, no máximo um tempo mais fresco. Pegamos alguns chuviscos, mas achamos bom porque estava muito quente e nossas roupas secavam rapidinho. Fiquei feliz de estar pegando minha primeira chuva de moto, mas a felicidade acabou quando pegamos um temporal na volta e ficamos ensopados, numa estrada sem nenhum lugar pra parar.

Eu nem sabia se queria chorar quando sentia a água escorrendo pra dentro da jaqueta, do tênis e empoçando no banco entre Adriano e eu.

Pegando chuva de moto

Movimento nas estradas

Planejamento
Nem pensamos no dia da semana pra ir ou voltar, mas saímos às 5h de Belo Horizonte pra evitar tanto trânsito.

Realidade
Saímos daqui num sábado e voltamos numa quinta, e nos dois dias o movimento estava muito grande. Nas estradas da Bahia, saíamos cedo por causa do calor (impossível andar no sol de 12h) e do movimento, e foi até tranquilo (tirando os caminhões andando nas retas a 140 km/h).

O bom de viajar durante a semana é que tem mais recursos e as pousadas são mais baratas. Pra resumir a situação das estradas, as da Bahia estão maravilhosas e as de MG uma desgraça. Então lá a viagem rendeu muuuuito mais (também por causa das retas imensas).

Reta na BR 101, Bahia

Sobre a alimentação durante a viagem

Planejamento
Levamos alguns lanches para o dia da viagem.

Realidade
Sempre tínhamos comida e água no baú! Além de economizar (principalmente na água, que já comprávamos de 2L porque estava muito quente), evitamos comer comidas pesadas de lanchonetes estranhas.

Pão com mortadela =P

Sobre a beleza e classe durante a viagem 😛

Pegadinha, isso não existe, HÁ! Depois de alguns dias chegando nos lugares com a roupa cheia de poeira/sujeira da estrada, com nós nos cabelos desgrenhados pelo capacete e pelo vento, vestindo jaqueta com saída de praia por baixo, calçando tênis no meio da areia, comendo pão com mortadela na beira da estrada e muito mais, a gente vê que o que vale é o amor. <3

E foi basicamente assim que nossa viagem deu muito certo, fomos e voltamos sem problemas e com muita coisa pra contar. Claro que andamos só de carro por um mês depois, mas o que conta é a aventura, né?! 🙂

Veja as cidades que visitamos no nosso roteiro de moto entre Belo Horizonte e Bahia